terça-feira, 17 de novembro de 2020

Ilustração Solidária de "Cartilha" (MEROLA. Cora, Coração, 2011)



 "Cartilha". Edna D. Merola.

Essa postagem é uma ação conjunta e solidária. Amigos se uniram para ilustrar textos já publicados pela autora de Cartilha (MEROLA. Cora, Coração, Nova Letra, 2011). Nossa intenção é que muitas crianças recebam de presente, no Natal de 2020, esse livro em e-book.  

Ilustradores de "Cartilha" 

Cassiano Silveira dos Santos  ilustrou os textos "Bocejando", "Colo", "Dividir", "Gente"

Clara Amélia de Oliveira ilustrou os textos "Amigo", "X da Questão"

Edna Domenica Merola ilustrou os textos "Escrever", "Hoje", "Sonho" e "Cartilha"

Gilberto Motta ilustrou o texto"Zanga" e o fim do abecedário.

Júlia Copattti ilustrou o texto "Tamanho"

Maitê Alcantara Wiese cedeu seu desenho para ilustrar "Felicidade"

Márcia Cattoi ilustrou o texto "Ontem"

Michelle Florence ilustrou o texto "Nascimento"

Rivaldo Souza, 1989, "Riso" (foto do acervo de Brígida Poli)

Rosa Luiza Baptistella ilustrou o texto "Infância"

Rose Gradella ilustrou o texto "Jogo", "Mamãe", "Pai" 


Autora dos textos de "Cartilha": Edna Domenica Merola

Textos de "Cartilha": Amigo, Bocejando, Colo, Dividir, Escrever, Felicidade, Gente, Hoje, Infância, Jogo, Ler, Mamãe, Nascimento, Ontem, Pai, Querer ou Querido? - , Riso, Sonho, Tamanho, União, Vitória, "X" da Questão, Zanga.

Referência  MEROLA, E.D. Cartilha. In Cora, Coração. Nova Letra, 2011.

 Clara A. de Oliveira




 











Amigo

Olhar nos olhos

Pegar a mão

Com intenção

De ser irmão

Ver em seu rosto

Uma expressão

Na qual eu posso

Ser  coração

Ouço  seu riso

Vem, meu amigo!

Sentir comigo

Doce canção.


Cassiano Silveira dos Santos








Bocejando                                                            


Espreguiço,

Sem pressa...

Amanhecendo

O corpinho.

 

Espicho...

espicho...

parecendo

lagartixa.

Amando

A preguiça

E a graça

Maravilhosa

De acordar...

– Bom dia!

 

 Cassiano Silveira dos Santos










Colo                                                                    

Quando crescer,

Quero o colo

Do livro preferido,

Do encontro escolhido.

Quando ficar sábio,

Quero o colo de deus:

Pai e mãe eternos!

 

Dividir                                                                                    

Cassiano Silveira dos Santos

É ver que

os brinquedos

custaram

tão caro?

Dar roupas

que estão pequenas?

 

Adulto

É engraçado:

Ensina, mas

Não aprende.

 Dividir

é  jogar

bola

Sem lembrar

De quem é ela...

Quem divide,

Sempre tem!

 

Escrever                                                        

Mergulhar fundo

No pensamento

Trazendo à tona

Grande segredo

Que voa longe

Que soa e brilha

Feito cristal!


Felicidade                                                                         

Maitê Alcantara Wiese
                                                   

Ganhar colo

Do papai,

E da mamãe.

Cantar,

Criar jogos

Com amigos,

Rir muito,

Dividir sempre.

Aprender,

Escrever,

Ler,                                                                            

Querer

Bastante,

Crescer.


Sonhar,

Gostar

Do meu tamanho.

Participar

Do bem.

Sentir

A Presença

Do Criador!

 

Cassiano Silveira dos Santos
Gente?                          

Mamãe é,

Os amigos são,

Mas a bola não.

 

E o cachorro

Que me entende?

E o papagaio

Que fala?

Não, não, não...

Esses também não!

 

Gente é

Diferente:                             

Pensa,

Abraça,

Desenha,                                                

Canta,

Conta...

Jamil,

Tão gentil,

é gente!

 

Até o grude

do André...

 - Também é!


Hoje                                                                            

Edna Domenica Merola.

 

é o momento

Que está

Pra você

Saborear

 

Com pressa

Ou sem essa

Dura pouco

Ou muito

é  como

Você deixar.

Para adultos

Dura vinte e

Quatro horas.

Mas não vá

Se preocupar!

O importante

é  reter,

Na retina,

A alegria

Das luzes

Que trazem

O dia.

 

Recolher-se

Com a noite,

Encostando

A cabeça

No colinho

Do silêncio.


Infância

 Rosa Luiza Baptistella
 

é sonho

é canto

é riso

 

é o dom

De curtir

A natureza

De exprimir

Tanta beleza

 

Infância

É ânsia

de crescer.


 Jogo                                           

"Jogo de Detetive". Rose Gradella.

Conta

Que foi

Criança

Um dia...

Ensina-me

Um velho

Jogo.

Acredito.

Mas  se inventa

Comigo

Um novo jogo,

Agora ,

Percebo

Que ainda tem

A alma pura!


Ler                                                                                                                        

                                                

Conhecimento

Passa-tempo

Lição de casa

Recado da mamãe

Convite pra festa...

 

Ler é buscar

Anjos que

Viraram palavras!

 

Mamãe                                                    

Rose Gradella.

Olhava-me

No bercinho,

Ensinando-me

A amar.


Emoções compartilhadas,

Tantas histórias

Pra contar.

 

Nosso amar

Tem segredos

Que queremos

Revelar.

                   

 Michelle Florence
Nascimento                          

Eu era

Somente

Pequena

Semente

Guardada

No ventre

Da mamãe.

Fui crescendo

Na barriga...

Quando ficou

Apertado,

Ganhei luz,

Nasci!

 

Fui bebezinho

E mamava...

.............................

 -  Me conta de novo, mamãe!


Ontem                                                                                

 Márcia Cattoi.

 

Teve escola

Novidades

Na sacola

 

Machucado,

Curativo,

Após beijos,

Já sarou.

 

Festa, jogos,

Alegria, amigos.

Papai chegou.

 

Ontem foi

Ótimo.

Pena que

Acabou!

 

( hoje sinto gosto de quero mais!)

                                                 

Pai

 Rosemeire Gradella

Tão grande,

Tão poderoso,                      

Tão amigo.

Tão dedicado

Ao trabalho.

- Sabe o que eu vou ser quando crescer?

- Pai !


Querer ou querido?                                       


Guardar brinquedos

Querer é bom

Fazer bagunça

Querer é mau

Boa vontade

é liberdade

Muita vontade

É escravidão.

- Desculpe mamãe,

a confusão!

Não sei se eu quero

minha bola,

ou se por ela

sou querido:

olhar para ela

me dá comichão!


Riso                                                                            

Rivaldo Souza, 1989. Acervo Brígida Poli.


Cócega

Na mente..

E de repente,

Num jato

De alegria,

Dispara

O riso,

Atingindo

O corpo

Inteiro:

 -  Quá! Quá!

quá! Quá!

quá! Quá!


 Sonho                                                                            

Foi um sonho

De um tamanho!

Você vai acreditar?


Tinha pirata,

Navio de lata,

Tapete mágico,                                                     

Homem elástico,

Riqueza, beleza,

Surpresa:

 

Por onde eu passava,

Aclamavam:

-  lá vai o rei!


Eu, finalmente,

Convencido,

Decretei:

- Alegria!

 E meu povo

Repetia:

- Viva o rei!

 

Tamanho

                                                                

Júlia Copatti.

O de fora

Dá pra ver:

Tem o tamanho

do papai,

Tem o meu

E o do bebê.


Por dentro,

Tamanho

Tem sentimento:

 A tristeza

Me encolhe,

Bem feliz,

Viro gigante!

 



União


Nossa escola

Nossa sala

Nossa mesa

Nossa produção.


 Alegria

No encontro,

Dividir

É sempre

Bom.

 

Nossa arca

Do tesouro

Tem um elo

De brilhante

Que se chama

União!


 Vitória

 

é...  sucesso

é ... encontro

 é... vencer a

si mesmo,

Se sentindo

Campeão.

 

X da questão                                             

Queria brincar,

 Clara A. de Oliveira

Mandou-me calar.

Papai e meu irmão

Fazendo lição,

Da tal matemática,

Procuravam sérios,

O x da questão.

..........................................

 Cheguei na escola:

Tinha ortografia

Então concluí:

I-      i       - i    -  i

Há! Há! -  há! Há!

- questão não tem x.

 

Zanga

Cara feia,

Vontade

 Gilberto Motta
De culpar

O outro,

De acabar

Com ele!


Mas vem ela

Voz tão doce

Me leva

A falar

Com ele.

 

Conversamos,                                                

Combinamos

Nunca mais                                                                      

Brigar. Pois

Zanga é feia!


 Gilberto Motta.


 

sábado, 14 de novembro de 2020

Relatório de Isolamento. Edna Domenica Merola

"Não é bem a memória que anda falhando... É o tempo que está se misturando... 2019 com 2020... Em choque térmico-temporal com 2021 sem concretude ou sem vacina..."

Ao avaliar falas semelhantes à transcrita acima, decidi inventariar os registros que fiz a partir de abril de 2020.

1- Criação deste veículo: o blog "Pandoficina".

2- Participações em Coletâneas do Projeto Apparere, editora PerSe, com os contos: 

- Apenas um Aceno (2020, O Mundo parou!)

- Peripécias de Pandemia (Todo Mundo em Casa?!)
https://aquecendoaescrita.blogspot.com/2020/12/peripecias-de-pandemia-edna-domenica.html


- Caminhar e... (Clarice Lispector - 100 anos)

https://bit.ly/3a6LySH


- Poetisa, Contista, Cronista e Psicóloga que "abraça a luta pela preservação das artes, da liberdade de expressão, das vidas responsáveis pela transmissão oral nas culturas, das ações renovadoras e inclusivas em prol da qualidade das publicações literárias".



4- Trovas Juninas 

5- Participação na administração da página do Facebook “Oficina Experimental de Textos Curtos” patrocinada pela Biblioteca de Arte e Cultura.

Tal ação foi iniciada pela bibliotecária Esni Soares. A construção do grupo foi, em grande parte, fruto do trabalho do professor Gilberto Motta.

Mais recentemente é que aprendi a participar da administração do grupo. Obrigada, Esni e Gil!

Grupo para interação e divulgação dos trabalhos realizados pelos participantes da "Oficina experimental de textos curtos", coordenado por Edna Domenica Merola e Gilberto Motta, na Biblioteca de Arte e Cultura.

Temas:

- Quarentena

- Pandemia

- Pós Pandemia

Texto:

- Poemas (sonetos, quadrinhas em redondilha maior, e outros)

- Crônicas

- Contos curtos


6- Reflexões escritas sobre filmes:

Lendo cinema I – O Jantar (Oren Moverman, 2017)

http://netiativo.blogspot.com/2020/06/lendo-cinema-i-projeto-de-brigida-de.html

Lendo cinema II – As Baleias de Agosto (Lindsey Anderson, 1987)

http://netiativo.blogspot.com/2020/06/lendo-cinema-ii_0.html

Lendo cinema III – Eu, Daniel Blake (Ken Loach, 2016)

http://netiativo.blogspot.com/2020/06/lendo-cinema-iii_23.html

Lendo cinema IV – O Cidadão Ilustre (Mariano Cohn, 2017)

http://netiativo.blogspot.com/2020/06/lendo-cinema-iv.html

Lendo cinema V – A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batatas (Mike Newell, 2017)

http://netiativo.blogspot.com/2020/07/lendo-cinema-v_5.html

Lendo cinema VI – O Filme da Minha Vida (Selton Melo, 2017)

https://netiativo.blogspot.com/2020/07/lendo-cinema-vi_78.html

Lendo Cinema VII – Nossas Noites (Ritshe Batra, 2017)

https://netiativo.blogspot.com/2020/07/nossasnoites-our-souls-at-night-direcao.html

Lendo Cinema VIII – O Filho da Noiva (Juan José Campanella, 2001)

https://netiativo.blogspot.com/2020/07/lendo-cinema-viii.html

Lendo Cinema IX – O Vazio do Domingo (Ramón Salazar, 2018)

 https://netiativo.blogspot.com/2020/07/lendo-cinema-ix.html

Lendo Cinema X – Whisky (Juan Pablo Rebella, Pablo Stoll, 2004)

https://netiativo.blogspot.com/2020/08/lendo-cinema-x.html

Lendo Cinema XI –  Aquarius (Kléber Mendonça, 2016)

https://netiativo.blogspot.com/2020/08/lendo-cinema-xi.html

Lendo Cinema XII –  A Prima Sofia (Rebecca Zlotowski, 2019)

https://netiativo.blogspot.com/2020/08/lendo-cinema-xii_21.html

Lendo Cinema XIII –  Crimes de família

https://netiativo.blogspot.com/2020/08/lendo-cinema-xiii.html

Lendo Cinema XIV – Pecados Íntimos

https://netiativo.blogspot.com/2020/09/lendo-cinema-xiv-pecados-intimos_9.html

Lendo Cinema XV –  My Happy Family https://netiativo.blogspot.com/2020/09/my-happy-family-filme.html


7- Revisitei meu livro "De que são feitas as Histórias", One book, 2014.

Li textos desse livro em oficinas, e usei dinâmicas nele contidas.



Do Que São Feitas As Histórias?

O livro desenvolve três itens: prosa ficcional e poemas; estratégias para ensinar poesia que incluem oficinas com jogos; aspectos da teoria literária referente à narrativa. Algumas congregam música, dança e escrita poética. Seus motes: foco narrativo; percepção poética das sensações; simbologias dos elementos: Água, Terra, Fogo e Ar; a narrativa; o narrador; o processo de criação; a natureza material do escrito: vivências, leituras, a profissão de ensinar (e aprender); o uso de tecnologia e as relações pessoais; o amor à vida e à poesia. A obra interessa a professores e leitores de crônicas e poemas.



8 -  Revisita do texto "CARTILHA" do meu livro de poemas: "Cora, Coração". Nova Letra. 2011. P 138-162.


Foi uma revisita que redundou em parcerias solidárias com acervos de fotos de amigos e com suas ilustrações.

Cassiano compôs o projeto gráfico. A recepção dos leitores foi feita inicialmente via blog e redes.


https://pandoficina.blogspot.com/2020/11/cartilha-cora-coracao-nova-letra-2011.html








domingo, 18 de outubro de 2020

Os Sons da Vida. Odila Maria Monteiro Gentil

"Quando o apito da fábrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos eu me lembro de você (Três Apitos. Noel Rosa).

Cinco horas da tarde! O som da sirene da Fábrica de Tecidos e Bordados Lapa permeia todo o bairro anunciando o fim do expediente. Três crianças, eu e meus dois irmãos, esperam ansiosamente por um assovio, que não tarda, e correm ao encontro do pai, que naquela terça feira, vem trazendo os doces da venda do ¨Gino¨, repletos de afeto e carinho.

Assim como o apito do trem da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, trazia nossa querida tia Iluminata e também nos levava para brincarmos com nossos primos. Ah! que delícia.

Me vem a memória também a delícia que era assistir ¨televisão¨, sentados no chão do banheiro olhando a máquina de lavar Westinghouse, no compasso da roupa girando, tendo os bolinhos de chuva da mamãe para animar.

O som da bola, a algazarra da meninada brincando na rua de terra, de futebol, o estalo da corda no solo: temos que ser rápidos para não queimar, nos aquece o coração; doces recordações.

Ainda ouço o ranger das rodas da bicicleta, ganha no Natal pelo meu irmão caçula, subindo e descendo as ruas da Lapa de Baixo num frenesi de alegria desmedida. Poucas vezes vi tamanha euforia.

Quando a bola, a corda e a bicicleta foram deixadas de lado: "Dio come te amo", “Come te non ce nessuno","All my loving" e "Don´t Let Me Down" povoaram o imaginário romântico da menina e de seus amigos, que se tornaram adolescentes. As matinês do Cine Tropical em muito contribuíram para isso.

Tempo bom, interrompido pelas patas dos cavalos no asfalto, reprimindo os anseios de democracia e liberdade dos universitários dos anos 70. "Chora a pátria amada a mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil. Mas sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente, a esperança..." (O bêbado e a equilibrista. Aldir Blanc e João Bosco).

Concomitante o ruído do motor do fusca chegando, debaixo da minha janela, fazia meu coração acelerar de puro encantamento. O mesmo som o levou... Mas, o rugir do mar trouxe meu companheiro eterno e com ele pude ouvir e sentir a plenitude de dois seres que me foram confiados e que amarei eternamente.

O farfalhar das páginas de um livro me leva para realidades que ampliam o meu ser e me dão a certeza de que viver é experimentar cada momento, porque ele é único.

Os sons do sorriso, do pranto, da alegria e do amor são sintetizados na oração que acalma o coração e eleva a alma.

A vida de cada um de nós é emoldurada pelos sons da nossa vivência. 

Sobre o escritor Gilberto Motta. Por Edna Domenica Merola

Contra capa Do Corpo ao corpus C omo já escrevi neste blog: " Ter contato com pessoas, no outono da vida, é por si só um privilégio. ...