Verbos
e flores secas
Antonio
Gil Neto
sou
um desses cantos debatendo-se no deserto
ao
sopro dos ventos
musicando-se
sou
o que fora presente e não suporta a violência incessante
do
mundo
sou
o que vai até o fim para ver as cores resistentes de um
recomeçar
estou
regulado, animado a aprender a me preparar para
as
vindouras horas
estou
segurando algumas sementes como um sacrário
resiliente,
veloz
estou
de olhos fechados, inquietos, imaginando, imaginando,
imaginando...
brinco
com as pessoas que moram em mim e que enlevam
o
meu coração desnudo
amanheço
esperançado por ouvir mais o cântico das
águas
e a alvorada dos pássaros
chamo-me
de amigo e confidente, fiel ao afeto e às verdades
necessárias
a todos os homens
Em
desabrochado,
invento
desmedidos
quintais
infindo
sentimento.
(aqui dedicado
para Edna)
A Mulher e a Criatura Criatura está em silêncio, caminhando devagar com
seus sete pés humanos. Vez por outra um graveto estala, pois que Criatura é
desajeitada e grande. Seu poder, porém, é descomunal. Procura Aquela Que Lhe
Pode Meter Medo. Procura com seus grandes olhos de coruja, projetados através
das telas hipnóticas que cantam músicas embriagantes para os que não sabem
ouvir. Seu corpo de lagarto dispara flashes de luz pelas escamas de fibra ótica,
varrendo o ambiente em tentativa de cegar quem quer ver do que é composta.
Criatura tateia com muitas mãos os cantos e os botões e as barras deslizantes.
Algoritmos são ajustados para buscar Aquela que pensa, para filtrar as palavras
proibidas em qualquer contexto, a censura-burra de Criatura: m0rt3, d0r, m3do,
1d1ot1c3? Nada disso, o proibido é goz4r, f0d3r, v1v3r pl3n4m3nt3 e am4r
v3rd4d31ram3nte! Criatura vomita um fogo que consome de dentro para fora, um
fogo invisível de metanol, um álcool estranho que desfoca quem o bebe, depois
neutraliza no padrão de cores. E quando Criatura depara com os sinais pendurados
nas paredes, os símbolos que conjuram a ver e viver, que desabrocham flores de
puro vermelho sangue... gela! Os diagramas herméticos que penetram os olhos que
os olham, que buscam acordar e dar rota de fuga e planos de luta. Criatura os vê
e não entende e seus olhos queimam e ela se desespera. São as obras de Aquela
Que Lhe Pode Meter Medo! Criatura, enfurecida, escoiceia, esgoela, escancara
suas faces de ódio e vendas, esmurra com mãos sujas de lucros e entranhas
alheias. Derruba pilares do templo, que virtualmente se refaz. Então Aquela Que
Lhe Pode Meter Medo surge. Pequena ante Criatura, luta de olhos fechados,
ouvindo com a alma os movimentos do monstro. Os golpes de Aquela desenham cores
no ar, projetam luzes e sombras duras na existência de Criatura. Os contrastes
fortes desestabilizam o animal-morte, contrastes de crueza que revelam a vida
diante do morrer de todos os dias. Os contragolpes da criatura resvalam no
escudo de linho e touch screen. O fogo e cuspe definha nas madeiras, óleos e
papéis que constroem a mais dura armadura. E Aquela, de pequena, só cresce! E de
nada importa quem dará o último golpe. Aquela Que Lhe Mete Medo já tem em sua
cabeça os louros. A ela pertence a vitória, pois que a vitória pertence a quem
se levanta todos os dias.
(Para Rosilene Souza)
Texto de Edna Domenica Merola
Secreta pessoa
Sobre ela preciso dizer que
Sua atividade inova e
Instiga,
alimenta e reúne.
Vem até de Alexandria, crê?
Castro Alves clamou a semear
tais
objetos que de natureza ímpar
que sobre as artes vão se lançar,
na busca de
gentes a cativar.
Sobre ela é preciso dizer:
É corajosa e estudiosa,
pois da
psiquê também quer o saber.
Seria talvez voluntariosa?
É daquelas que paga pra
ver?
Quem é essa pessoa amistosa?
(Sobre Esni Soares)
Texto de Esni Soares
Para
falar de uma pessoa, você precisa conhecer, certo? Mas quem conhece
verdadeiramente alguém? Assim vou falar um pouquinho de como vejo esta pessoa:
Pensa numa pessoa que tem um coração enorme; Que tem uma simpatia ao falar;
Gosta de falar de suas experiências de vida, suas dores e seus amores. Sua
escrita sempre nos traz algo de bom, que alimenta a alma de afeto e esperança.
Gosta de estar entre amigos, mas como boa matriarca, Sua prioridade é a família.
Uma pessoa de muita fé, que segue sua religião com muito amor e respeito ao
próximo. Alguém que ao se despedir faz questão de um abraço carinhoso, e sempre
com um sorriso. Desejo a você minha amiga secreta, toda paz e amor possível
neste Natal. Que o Ano novo renove sua esperança de dias melhores. Com carinho
Esni
(para Marlene Xavier Nobre)
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